Trabalhos Expostos

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

NEUROSE OBSESSIVA


FILME “ESPERAR PARA SEMPRE”


Jessica Santos; Josefa Elizabetty; Juliany Roque; Rita de Cássia e Suênia Bernardino


INTRODUÇÃO

Partindo da perspectiva do filme "Esperar para Sempre" onde no desenrolar do drama é possível acompanharmos a trajetória de um jovem adulto que atende pelo nome de Will Donner (Tom Sturridge) que tem uma obsessão por sua amiga de infância Emma Twist (Rachel Bilson) e essa amizade deixa de ser uma amizade sadia para tornasse algo desconfortável para o rapaz. De forma singular e objetiva as estruturas psicanalíticas seria a imagem que se tem do pai, em relação ao complexo de Édipo.
Will sofria de um sintoma causado por drama na infância desde a morte dos seus pais, para evitar sofrimento maior sua mente se organizou em um resultado harmônico, ele estava tão egossintônico que não percebia seu próprio sofrimento. Essa organização mental está constituída por um traço de caráter. A neurose obsessiva é um modo de sofrer consciente no pensamento. No entanto a fobia de angustia implica sofrer conscientemente com o mundo que cerca, porém, a histeria converte o gozo inconsciente num sofrimento corporal. No entanto o personagem Will Donner era um rapaz que sofria de neurose obsessiva podendo ser  denominado através de observações e estudos bibliográficos.


DESCRIÇÃO DO FILME

Título: Waiting For Forever (Original); Ano de produção: 2010; Produtores: James Keach e Trevor Albert; Dirigido por: James Keach; Duração: 95 minutos; Classificação: 12 anos – Não recomendado para menores de 12 anos; Gênero: Drama Romance; País de Origem: Estados Unidos da América do Norte; Estreia: 2011 (Brasil); Título em Português: Esperar para Sempre.
Sinopse: Emma (Rachel Bilson) e Will (Tom Sturridge) cresceram juntos, se separam após a morte dos pais de Will, quando ele se mudou para a casa dos tios em outra cidade. Eles manterão contato até o final da adolescência. Para Will, Emma nunca deixou de ser a pessoa mais importante da sua vida. Acreditando que eles estão ligados para sempre, ele vai aonde ela vai. Will não possui casa, carro, ou um trabalho “de verdade”. Ele sobrevive de seu talento como malabarista e talentos performáticos afiados com anos de exibição para Emma. Quando o pai de Emma fica doente, ela volta para sua terra natal, tentando deixar para trás sua vida amorosa complicada e uma carreira fracassada como atriz.
Elenco: Tom Sturridge – Will Donner; Rachel Bilson – Emma Twist; Richard Jenkins - Richard Twist; Blythe Danner – Miranda Twist; Scott Mechlowicz – Jim Donner; Jaime King – Susan Donner; Nikki Blonsky – Dolores; Frank Gerrish – Taxi Driver; Jamey Anthoy – Café Flirt; K. C. Clyde – Dennis; K. Danor Gerald – Detective 2; Larry Fillon – Larry the Bartender; Matthew Davis (1) – Aaron; Nelson Franklin – Joe; Richard Gant – Albert; Roz Ryan - Dorothy


DESCRIÇÃO DO PERSONAGEM

Will Donner é do sexo masculino, tem aproximadamente 25 anos e usa sempre pijamas. Will sempre foi protegido pelos pais e apegado a eles, idealizou a mãe como uma mulher perfeita. Passou sua infância ao lado de Emma Twist. As 8 anos de idade perdeu seus pais num acidente de trem, enquanto o mesmo encontrava-se na escola. No entanto, Will esperava o regresso dos seus pais, e então, Emma falou “eles sempre estarão ao seu lado”, após uma noite Will percebeu que seus pais não iriam voltar, foi aí que ele entendeu que seus pais estavam mortos.
Will e seu irmão Jim Donner foram morar com seus tios em outra cidade. Manteve contato com Emma por cartas até o fim da sua adolescência. Após perder o emprego, Will começa a perseguir Emma Twist e passa a viver de malabarismo e de seus talentos performáticos.
Will apresentava perda de sensibilidade na coxa direita, conversava com os pais diariamente mesmo eles mortos, tinha uma adoração pela sua amiga de infância, perseguia por onde ela andava, embora não fizesse contato. A cada vez que tentava se aproximar sentia-se angustiado a tal ponto de sentir uma falta de ar, tão forte que o fazia tremer e suar.


ESTRUTURA NEURÓTICA

A neurose seria a imagem que se tem do Pai em relação ao complexo de Édipo, por ser um pai sem falha, não castrado; e é por isso que o neurótico tem um eu forte, por negar com todas as suas forças que não sofreu castração. As neuroses transferenciais se originam de recuar-se o ego a aceitar um poderoso impulso instintual do id ou a ajudá-lo a encontrar um escoador ou motor, ou de o ego proibir àquele impulso o objeto a que visa.
Uma doença qualquer não é uma coisa. “É uma estrutura muito mais complicada, e temos que tentar ver, funcionalmente, essa complicação.” (Bleger, J. _ op. cit., p. 309). De acordo com Kusnetzoff (1982), para fazer uma análise sintática de como se articular as estruturas psíquicas, estabeleceremos uma distinção entre sintoma, caráter, inibição e estereotipia.
Sintoma: Estado de sofrimento que o paciente acusa, e do qual está querendo se livrar, porquanto o sente como um corpo estranho a si. Tendo a possibilidade de este sintoma ser manifestado também de forma clara e assim observável pelos outros. Porém, que está tão egossintônica que o paciente, aparentemente, não o está percebendo e então sofrendo.
Caráter: Um estado organizado da mente e da conduta que pode resultar harmônico e saudável, mas também pode acontecer que, por mais sofrimentos que possam está causando aos outros e cometendo prejuízo a si próprio, muitas vezes mutilando suas capacidades latentes e reais, sempre prevalece uma egossintonia, escudada em racionalizações muito bem engendradas.
Inibição: É um estado que tanto pode ser a preliminar de um sintoma que está se organizando como também já estar constituído por um permanente traço de caráter.
Estereotipia: Designa aquelas atitudes aparentemente normais que o sujeito executa no dia-a-dia, mas que uma observação mais atenta vai comprovar que ele executa seus papeis em todos os âmbitos de uma forma mecânica, sem fazer modificações, girando em torno de uma mesma órbita, como quem cumpre papéis fixos e estereotipados que desde muito cedo foram designados por seus pais ou educadores, de forma a mutilar sua personalidade.
Joël Dor, em seu livro: “O pai e sua função em psicanálise” (1989), distinguem a histeria da neurose obsessiva pelas vertentes do ser e do ter. Para ele, "assim como convém designar os sujeitos histéricos como militantes de ter, o obsessivo já se apresenta como um nostálgico do ser que comemora incansavelmente, os vestígios de um modo particular de relação que a mãe manteve com ele." 
Segundo Dor (1989), toda a questão obsessiva reside nessa nostalgia de ser o falo materno, uma vez que "não há romance familiar obsessivo em que o interessado não se remeta a esse privilégio de ter sido pressentido como o filho preferido pela mãe". Por outro lado, Dor entende que "é justamente porque o histérico se sente injustamente privado do objeto do desejo edipiano - o falo - que a dinâmica do desejo vai essencialmente ressoar ao nível do ter". Sendo assim, estruturamos a neurose em Obsessiva e Histeria.
Não é contradição que, empreendendo a repressão, no fundo o ego esteja seguindo as ordens do superego, ordens que, por sua vez, se originam de influências do mundo externo que encontraram representação no superego. Mantém-se o fato de que o ego tomou o partido dessas forças, de que nele as exigências delas têm mais força que as exigências instintuais do id, e que o ego é a força que põe a repressão em movimento contra a parte do id interessada e fortifica a repressão por meio da anticatexia da resistência. O ego entra em conflito com o id, a serviço do superego e da realidade, e esse é o estado de coisas em toda neurose de transferência (FREUD, 1923).
Ou seja, na neurose há uma cisão da psique. Alguns conteúdos ficam recalcados, escondidos, em segredo e causa sofrimento nos sintomas dos quais a pessoa reclama. Assim podemos dizer que todos os neuróticos usam o recalque como mecanismo de defesa.


DESCRIÇÃO DA RELAÇÃO DA ESTRUTURA PSICANALISTA COM O PERSONAGEM

É interessante observar que, nas estruturas psicanalíticas, se não estudadas a fundo e se não forem bem analisadas de acordo com as atitudes e ações da pessoa que sofre da neurose, podem ser facilmente confundidas, visto algumas semelhanças entre essas. De fato, a grande diferença entre a neurose histérica e obsessiva é que, enquanto a histeria é manifestada no corpo, a obsessiva desponta no pensamento. O personagem que escolhemos para representar nosso trabalho, Will Donner, apresentou vários indícios que se trata de um neurótico obsessivo. Da estrutura obsessiva, pode-se destacar: “1. as formações obcecantes; 2. o isolamento e a anulação retroativa; 3. a ritualização; 4. as formações reacionais; 5. o trio: culpa, mortificação e contrição; 6. o conjunto de quadro clínico habitualmente designado, desde Freud, pela expressão ‘caráter anal’.” (DOR, 1991).
Embora às vezes nos fizesse confundir com a neurose histérica, por causa de alguns sintomas físicos, como: a falta de ar que apresenta quando ao menos pensava em falar com sua amada e uma dormência apresentado no joelho em razão de um acidente no parque quando eram crianças, esses fatos não atrapalha a vida dele em nada. Mas fazer da Emma o centro de sua vida e venerá-la a ponto de deixar de lado tudo em sua volta para persegui-la, de cidade em cidade, aponta a entrega de si mesmo que os obsessivos precisam fazer com relação ao seu objeto de desejo. De acordo com Dor (1991), o obsessivo tende sempre a dar o melhor de si, e está disposto a tudo e nada, com direito a sacrifícios significando o tudo e nada no sentido em que não aceita perder.
Dor (1991) destaca que os obsessivos geralmente apresentam-se entre os nostálgicos do ser, e essa nostalgia acontece pelo fato de serem os queridinhos da mãe ou então, em algum momento sentiu-se privilegiado junto a ela. Will era o filho mais novo e o preferido de sua mãe, é tanto que era sempre protegido de coisas ruins que poderia acontecer e tinha em Emma, sua melhor amiga, um relacionamento de grande importância. Ela era aquela que controlava suas ações. Quando num trágico acidente perde seus pais, acontece a castração simbólica. Então, Will transfere para Emma tudo o que sente pela mãe e agora tem nela seu grande objeto de desejo. Ele se muda para casa dos tios, em outra cidade, mas mantém contato com sua grande amiga, e com o tempo, quando percebe que estão se distanciando, decide abandonar tudo e segui-la pra todo lugar que ela vai, no entanto, sem achegar-se.
O obsessivo não pode perder. Esta negociação psíquica, totalmente intolerável, ressoa de maneira bem invasora em todos os níveis da vida cotidiana. Do mesmo modo que o obsessivo apresenta uma disposição favorável a se constituir como tudo para o outro, deve despoticamente tudo controlar e tudo dominar, para que o outro não lhe escape de maneira nenhuma, isto é, para que ele não perca nada. A perda de alguma coisa do objeto só pode, com efeito, remetê-lo à castração, ou seja, para o obsessivo, a uma falha em sua imagem narcísica. Inversamente, ultrapassar a castração é sempre tentar conquistar e manter um status fálico junto à mãe e, mais geralmente, junto a qualquer mulher. Como a Lei do pai permanece, todavia, onipresente no horizonte do desejo obsessivo, a culpa é irremediável, É esta ambivalência alimentada entre a nostalgia fálica e a perda implicada pela castração que inscreve o obsessivo numa posição estruturalmente específica com relação ao pai. (DOR, 1991, p. 105)

Na explicação que encontramos em Almeida (2010), na neurose obsessiva, o sujeito está distante do desejo, distância essa relacionada à sensação de prazer que foi recalcada, que se tornou inconsciente. Na neurose obsessiva o desejo é o centro de sua prática. Will não se aproximava de Emma, o simples fato de observá-la de longe era o suficiente para satisfazê-lo, quando pensava em aproximar-se, aparecia a falta de ar.
De acordo com Mees (1999), o obsessivo é avesso a mudanças e precisam de rituais padronizados. Notarem que existem diferenças faz com que se sintam de mãos atadas, sem saber o que fazer com isso e consigo mesmo. Will resiste a mudanças na sua vida e na vida de Emma. Para ele, sua relação com ela continua a mesma de quando crianças, e quando enfim consegue chegar perto de Emma, ele a leva para os mesmos lugares e para fazer exatamente as mesmas coisas de quando eram pequenos. Inclusive em uma cena, ao perceber que existem pessoas sentadas no lugar que eles costumavam sentar, ele pede para que essas pessoas saiam para que ele fique lá com ela, girando no banco assim como fazia no passado.
Isso acontece também devido ao recalque, que é o principal mecanismo de defesa no obsessivo. Para que esse prazer (sua amada), não se torne um desprazer, Will se prontifica que tudo o que eles faziam quando eram felizes na infância, seja reavivado nas lembranças de sua amada. Ele fantasia tudo o que poderá fazer com ela, quando se aproximar, para que esses momentos felizes voltem à memória dela e que ela também entenda que é importante que esses tempos não acabem, e assim como ele, aceite que tudo continue da mesma forma. Sabendo que ela pode querer dar um basta em sua fantasia, já que os obsessivos tem consciência que o que fazem pode não ter sentido para outros, então, ele prepara para que esse encontro seja realizado entre eles exatamente no lugar onde viveram os momentos bons e recria todos eles, da mesma forma como acontecia.
Almeida (2010) explica que a mulher amada pelo obsessivo é colocada num pedestal de veneração e deve se fazer de morta, pois ela é colocada como um objeto não desejante, ou seja, nada demanda, pois quando demanda, ela também deseja e isso o faz correr perigo. No momento que ela não aguenta ficar como sombra desse homem obsessivo e se coloca como ser desejante, exigindo algo, o obsessivo deixa de ser “feliz” e o relacionamento perde totalmente o valor.
Observa-se no caso de Will que, por fim, após ter o espaço que o mesmo necessitava cedido por Emma para que ele conte o que sente, e tudo o que tem feito por esse amor, ele se torna dependente dela, esperando que a mesma como objeto não desejante se faça de morta, como forma de gratidão por seus esforços, uma maneira que o obsessivo encontra de fazê-la aceitar a demanda proposta por ele. Porém, ele sofre com a resposta do outro (Emma), pois, para ele, quando ela exige que ele pare de persegui-la, ela passa a ser aquela que demanda assumindo o papel de desejante, perdendo o valor do desejo para Will. Após o momento de proibição dita por Emma para Will, ele se afasta da mesma procurando uma nova maneira de voltar a ser “feliz”.


CONCLUSÃO

Após essa analise podemos concluir que Will Donner é um neurótico obsessivo, que ao perder os pais passa pela castração, e transfere o desejo que tinha pela mãe para a amiga Emma Twist.
O neurótico sente o prazer em ver o objeto de desejo e não manter contato. Quando essa lei do obsessivo é quebrada, ocorre o desprazer ou a morte do desejo obsessivo. No filme “Esperar para sempre”, quando o desejo de Will não é correspondido ocorre o desprazer, fazendo com que Will sinta-se triste. O desprezar deixa Will Donner perdido, pois a sua vida girava em torno da sua amiga Emma, e quando a relação é quebrada Will fica perturbado caminhando entre os carros. Will consegue sua liberdade da obsessão, quando é preso acusado de matar o amigo de Emma, nesse momento ele se choca com a realidade, pois, até então, Will estava preso na infância, e suas lembranças reprimidas estavam sendo passada para o consciente através do recalque.


REFERENCIAS

DOR, Joel. Estrutura e clínica psicanalítica. Traduzido por: BASTOS, Jorge; TELLES André. Rio de janeiro: Tauros timbre, 1991.
FREUD, S. O Ego e o Id e outros trabalhos. Traduzido por: Roan Riviere. Londres, 1927. ed. Standard Brasileira, 1927.
KUSNETZOFF, J.C.Introdução à Psicopatologia Psicanalítica. Traduzido por:  EDITORA NOVA FRONTEIRA S.A. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
MEES, Lúcia Alves. A neurose obsessiva. Porto Alegre: Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 1999. p. 37.
ZIMERMAM, D.E. Fundamentos Psicanalíticos (Teoria, Técnica e Clinica). Traduzido por: EDITORA ARTMED, S.A. Porto Alegre, 1999.

ROMAN, M. F. Complexo de Édipo e Estruturas Clínicas. Disponível em: http://lacan.orgfree.com/textosvariados/edipoeestruturasclinicas.htm .Acesso em 13 de Setembro de 2016.

ANÁLISE ESTRUTURAL DO PERSONAGEM KEVIN



Amanda Pessoa Bandeira Costa
Inglidy Tainar da Silva Gomes
Jaciane Soares da Silva
Joelio Manoel Cruz dos Santos
Joicy Kelly Costa Cabral
Rosineide Maria da Silva Costa
Vanessa Morgana Pereira da Silva



INTRODUÇÃO

O presente trabalho se dispõe a abordar o transtorno de personalidade antissocial a partir de um viés psicanalítico, tendo como centro a análise crítica do filme “Precisamos falar sobre o Kevin”; uma adaptação do cineasta Lynne Ramsay acerca do best-seller da escritora americana Lionel Shriver. Conta a história de um difícil relacionamento de uma mãe com seu primogênito, levantando questões polêmicas como "é possível não amar um filho?"; "Será que o caráter de uma pessoa é estabelecido desde o nascimento ou é modificado ao longo da vida?".
A partir da análise do filme foi feita a descrição do perfil do personagem “Kevin”, uma apreciação de sua personalidade levando em conta as fases psicossexuais, a função materna; ressaltando a questão da afetividade entre mãe e filho. Além versar o mecanismo de defesa do Ego destacando a recusa que desenvolve um papel principal no desenvolvimento da perversão, não obstante, o transtorno de personalidade antissocial oscila em linha muito tênue com a perversão, sendo esta muito atuante na personalidade da figura do Kevin, dessa forma, também achemos importante grifarmos neste trabalho o conceito de perversão a fim de melhor entendermos nosso personagem.


APRESENTAÇÃO DO PERSONAGEM

Kevin Khatchadourian, filho de Eva, um garoto que cresce com certas manifestações de ferocidade e sem nenhuma empatia. Um jovem intrigante, confuso, além de apresentar um quê de crueldade. Demostrava não querer gostar de muitas coisas, por exemplo, a interação com a mãe, e apresentava reações de não querer mesmo gostar, à medida que ia crescendo, fazia o possível para, de modo nada afável, atingir sua mãe, isso mais para chamar sua atenção, pois era a única que o enxergava como ele realmente era.
Como já fizemos menção, Kevin apresentava um quadro de transtorno de personalidade antissocial, e ao completar 16 anos de idade, ele faz algo brutal, imperdoável aos olhos de toda a comunidade; cometeu uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio do subúrbio de Nova York. Antes da chacina no colégio, o nosso personagem, em sua residência, já havia matado seu pai e sua irmã do mesmo modo que faria com o outros; a flechadas.
Decisivamente, enquanto ele espera os anos passarem para ser solto, Eva, sua mãe, estará para sempre enclausurada na realidade dos acontecimentos, todavia, com indulgência e com um sentimento de ser em parte a culpada pela atrocidade do filho, se prepara para recebê-lo, agora em sua atual casa; uma habitação simples e hostilizada por vizinhos. Nela, Eva pinta o quarto onde Kevin ficará, a cor faz menção a mesma de quando ele ainda era criança.


APRESENTAÇÃO DO FILME

É um filme que retrata a relação conturbada de uma mãe com seu filho. Eva era uma mulher linda, independente, casada e bem-sucedida, quando de repete sua vida muda com a gravidez de seu primeiro filho. Porem Eva não desejava ser mãe! Ela teve uma depressão pós--parto, o que tornava tudo ainda mais difícil. Nas primeiras cenas do filme, Eva tentar redimir os erros que cometeu durante os primeiros anos de vida do garoto, mas kevin crescia com um caráter indefente, às vezes manifestações a mãe tentava se aproximar, mas o menino sequer demostrava empatica pela ações que a mãe produzia. A ausência do pai era constante na educação de Kevin, era um pai displicente quanto as manisfestações indiferentes do filho, via apenas o que “queria ver”, entretanto, diferente da esposa, demonstrou desde o início cordialidade e carinho para com o garoto. O filme exibe a personalidade do menino desde o seu nascimento tornando melhor e atraente o entendimento da trama. Muitas cenas motram Eva a ponto de explodir com o bebê quando este não para de chorar, em sua percepção “ela não vive”, “não dorme”, apenas esculta aquele “choro que não para em momento algum”.
Há uma cena em que mostra Eva na rua com o carrinho de bebê, ela se aproxima de trabalhadores que estão perfurando o alfato com uma britadeira, ela para por um momento e “troca” aquele choro pelos estalidos estridentes da britadeira — Eva parece aliviada. Ao passo do crsescimento, Kevin torna-se ironico e irritante, sempre repudiando as atentativas da mãe de aproximação, e em parte a sua presença. Não havia resquício de demostração de amor por parte do garoto, em comtrapartida, quando ele está maior, Eva parece agora tentar rescontruir, ininterruptamente, uma afetividade fragilizada pelo tempo, isso porque antes existia apenas a violênica reciproca e o sentimento negativo de um pelo o outro.
O filme apresenta as falhas que levaram a atitude, socialmente, indesculpável do Kevin. Aqui enfatizamos a importância da família, esta constitui o primeiro e mais importante contexto social, emocional e cultural para o desenvolvimento do ser humano. E dentro das relações familiares surgem condições favoráveis ou desfavoráveis para o bem-estar psicológico das crianças, no caso do garoto Kevin, as condições foram mais do nível desfavorável.
Por fim, como já sabemos, Kevin cometeu, em sua escola, um dolo inescusável, sua passa a encarar as pessoas e o peso da culpa pelos erro cometido pelo filho. Todavia, Eva em nenhuma momento mostra desistencia pelo filho, ficou ao lado dele há todo momento. Este é um filme denso que traz à tona inúmeras questões a serem discutidas acerca do relacionamento entre pais e filhos, da colocação de limites e a repercussão de dificuldade da comunicação de afetos entre mãe e filho.


ANÁLISE DO PERSONAGEM

É evidente que ao nascer a mãe de Kevin parece querer se esquivar da responsabilidade que ele apresenta, ela tenta criar formas de existência que a afaste de sua realidade, parece se transportar para uma idealização onde a vida é livre dos encargos proposto por seu novo papel social: “ser mãe”. Eva não demonstra ser provedora das necessidades básicas do filho, sendo elas de sobrevivência física e psíquica: alimentos, agasalho, calor, amor, contato físico, entre tantas coisas, por esse motivo, falamos em um contexto mais completo de necessidades básicas: o cuidar, a voz como resposta ao choro do bebê, o calor, afago, a amamentação, sendo esta última promovedora de diversas contextualizações desde o prazer ao se alimentar, até a sensação de ter a mãe como sua protetora, alguém a qual o bebê nutre incondicional impressão. Segundo Zimerman (1999), as frustrações, além de inevitáveis, também são indispensáveis ao crescimento emocional e cognitivo da criança. No entanto, as frustrações podem constituir-se como patogênicas, isso se incorrerem em um desses extremos: as frustrações poderiam ter sido evitadas, sem prejuízo para ninguém; são excessivamente escassas ou por demais exageradas; ou, ainda, continuadamente incoerentes. Na relação de Kevin e sua mãe, é muito habitual as cenas que denotam as frustrações excessivamente escassas. Tais atitudes foram fundamentais para o desenvolvimento de uma afeição efetiva entre mãe e filho. Mas o processo de formação do indivíduo é bastante complexo, envolvendo fases psicossexuais, por vezes, sendo algumas delas definitivas na formação da personalidade de uma pessoa, por esse motivo veremos a seguir duas estruturas psicanalíticas que estão incluídas na formação da personalidade de Kevin.


Fase anal

De acordo com Zimerman (1999), a fase anal não alude unicamente à libidinização das mucosas excretórias encarregadas da evacuação e micção, com as respectivas fantasias (agressão contra os pais ou uma forma de presenteá-los; controle onipotente; gratificação; vergonha; culpa; humilhação ou uma crescente autoestima; sensação de que é uma “obra” sua; valor simbólico das fezes e urina; etc.) que sempre as acompanham. Nesse caso é evidente a compreensão de que o personagem Kevin faz uso desse poder de controle dos esfíncteres para agredir ilusoriamente sua mãe, trazendo para ela o sentimento de raiva, de desconforto.
Em resumo, é na fase anal que a criança desenvolve sentimentos sádicos e masoquistas, a ambivalência, as noções de “poder” e de “propriedade privada”, a rivalidade e competição com os demais, bem como o surgimento das “dicotomias”, tipogrande x pequeno; bonito x feio; dentro x fora; ativo x passivo; bom x mau; masculino x feminino, etc. De acordo com Freud, as respostas parentais inadequadas podem resultar em resultados negativos. Se os pais levam uma abordagem que é muito branda, Freud sugeriu que poderia se desenvolver uma personalidade anal-expulsiva, em que o indivíduo tem uma personalidade confusa ou destrutiva. Se os pais são muito rigorosos ou começam o treinamento da toalete muito cedo, Freud acreditava que uma personalidade anal-retentiva se desenvolveria, na qual o indivíduo é rigoroso, ordenado, rígido e obsessivo.



Fase fálica

Zimerman (1999), expõe que encontramos dentro da fase fálica a cena primária que consiste em uma intuição por estímulos externos (barulhos noturnos, insinuações dos pais ou cenas que vê na televisão), a criança imagina o que se passa no quarto fechado dos pais, fica muito excitada e usa o recurso das repressões. Por vezes, estas últimas não são suficientes e a criança aumenta o seu mundo de imaginação, que fica girando em torno das anteriores fantasias pré-edípicas (entredevoramento; coito sádico; fusão paradisíaca; amputações; coito e parto anal; etc.). A criança é levada a tomar imaginariamente, e de forma alternada, o lugar dos protagonistas da cena, com as diversas fantasias correlatas, inerentes ao “complexo de Édipo”. Quando os pais permitem, ou até induzem a uma participação concreta dela na cena primária, estarão provavelmente produzindo um futuro perverso. Diante disso, observamos que no filme o personagem Kevin participa de uma cena de sexo oral protagonizada pelos pais, quando o garoto invade o quarto deles.


FUNÇÃO MATERNA

Segundo Zimerman (1999), na perspectiva ideológica de Winnicott, uma adequada maternagem – que Winnicott denomina como sendo aquela provinda de uma “mãe suficientemente boa” – alude ao fato de que essa mãe não frustra, nem gratifica, de forma excessiva, e que possibilita um sadio crescimento do self do seu filho. Essa condição de maternagem requer uma série de atributos e funções da mãe, que tanto podem pautar por uma normalidade, como também podem adquirir caraterísticas patogênicas. Winnicott dentre as condições da “mãe suficientemente boa” incluiu: a preocupação materna primária (um estado inicial de “devoção” ao filho); capacidade de holding (sustentação) e de desilusão das ilusões de onipotência e a capacidade para sobreviver aos ataques agressivos do filho.
Para tanto, a criança cria o ambiente e o ambiente cria a criança. Quando as necessidades do bebê não são compreendidas e satisfeitas pela função materna, sobrevém um incremento da pulsão de morte que o seu ego incipiente não consegue processar, provocando o surgimento de fortes e insuportáveis angústias de aniquilamento. Resultante da história de sua história, o Kevin possuía alguns traços de perversão, o que designa o ato de o sujeito perturbar a ordem ou o estado natural das coisas, desse modo faz-se então necessário explicarmos o que está na base dessa perversão ressaltando o mecanismo de defesa recusa.

MECANISMO DE DEFESA

O mecanismo da recusa desempenha um papel preponderante no desenvolvimento das perversões. Mas o que chega a ser o mecanismo da recusa? Segundo Naves (1999), Freud em seu artigo sobre o fetichismo, descreve esse mecanismo como estando relacionado às angústias de castração, esta defesa propõe a rejeição de uma percepção da realidade a de que as mulheres não possuem pênis e, como consequência, poderiam ter sido castradas; para o menino Kevin foi uma constatação insuportável, já que o levaria a discorrer na possibilidade de sua própria castração. Ele se recusa a perceber a experiência que prova que as mulheres não possuem pênis, no entanto, não conserva a crença de que elas tenham um. No lugar dessa crença, mantém o fetiche que se materializa em um objeto. Resultamos então que o Kevin se situa no limite entre o masculino e o feminino, o amor e o ódio, entre o medo do objeto e a dependência deste.
Não havia no nosso personagem uma apreensão da função masculina e feminina, pois o que estava sempre presente era a imagem da mãe fálica. Dessa forma, o nosso personagem funcionava em um ideal de ego narcisista, maternal e fálico, sendo que a ferida narcisista se encontrava por trás de qualquer representação objetal, o que explica o comportamento do Kevin no final de sua crueldade, ele curva-se de modo a parecer está sendo aplaudido por uma grande plateia, existia nele uma necessidade de supervalorização do Eu.
Na recusa da castração também subsiste uma agressão pré-genital projetada sobre a mãe, sendo vivenciada como potencialmente perigosa, e esse ódio é estendido ao pai. Nesse caso, surge uma percepção de pai e mãe como sendo uma integração; uma unidade, criando uma ideia pai/mãe perigosa.
Para Zimerman (1999), a perversão faz alusão a uma estrutura que se organiza como defesa contra angústias – a recusa da castração –, a palavra “perversidade” faz referência a um caráter de crueldade e seguido malignidade. Se olharmos para a relação do Kevin com sua mãe, a Eva, vemos que ele frequentemente tem a necessidade de neutralizar e impedir qualquer possibilidade de vínculo objetal — neste caso, Eva —, o que o leva a ataca-la permanentemente. Para se preservar, Kevin sentem que é necessário afrontar, desonrar e controlar sua mãe. Existia nele um desejo de tomar posse do objeto, desenvolvendo com ele uma relação fusional, mas como a discriminação da perversão entre o Eu e o outro é precária, ele não permitir que seu objeto seja autônomo e diferente dele, tampouco existe uma consideração dele por esse objeto — a mãe.
Para finalizar este tópico, gostaríamos de deixar claro que a recusa é o instrumento que o perverso privilegia para a manutenção de sua valorização narcisista. Há uma necessidade vital de se satisfazer à custa do objeto, como uma forma de evitar a angústia da castração. Durante toda sua infância, Kevin foi mobilizado pela angústia da castração, constituía uma ameaça para a integridade do seu Eu e, nesse sentido, a negação se torna um eixo em torno da qual, provavelmente, essa autonomia e integridade poderiam ficar asseguradas. A saída encontrada na formação da estrutura da personalidade do jovem foi nada mais que um meio de contornar a realidade inelutável da castração.


 PSICOPATIA

Segundo Zimerman (1999), muitos autores consideram que a “psicopatia” pode ser vista como um defeito moral, porquanto ela designa um transtorno psíquico que se manifesta no plano de uma conduta antissocial. Os exemplos mais comuns, são os de indivíduos que roubam e assaltam; mentem, enganam e são impostores; seduzem e corrompem; usam drogas e cometem delitos; transgredem as leis sociais e envolvem a outros, etc. A estruturação psicopática se manifesta por meio de três características básicas: a impulsividade, a repetitividade compulsiva e o uso prevalente de actings (ações que apresentam caráter impulsivo) de natureza maligna, acompanhados por uma irresponsabilidade e aparente ausência de culpas pelo que fazem.
Ainda segundo o mesmo autor, algum traço de psicopatia oculta é inerente à natureza humana; no entanto, o que define a doença psicopática é o fato de que as três características que foram enfatizadas vão além de um uso eventual, mas sim, que elas se tornam um fim em si mesmas e, além disso, são egossintônicas, muitas vezes idealizadas pelo indivíduo, sendo acompanhadas por uma total falta de consideração pelas pessoas que se tornam alvo e cúmplices de seu jogo psicopático. Alguns autores consideram a possibilidade de que a gênese da psicopatia residiria no fato de que na evolução psicossexual desses sujeitos a maturação motora se faz precocemente e ela se mantém dissociada da disposição para o pensamento verbal, de sorte que seus pensamentos são do tipo motor, o que os torna incapazes para fazerem reflexões, que, então, cedem lugar à impulsividade.
O certo é que os indivíduos psicopatas estão fortemente radicados na posição esquizoparanóide, com a prevalência de inequívocos elementos narcisistas, e impregnados de elementos sádicos destrutivos (frequentemente encobertos por uma erotização da pulsão agressiva), de tal modo que muitos psicanalistas creem que as manifestações psicopáticas não estão dirigidas primariamente contra a culpa e a ansiedade, mas, sim, que elas parecem ter o propósito de manter a idealização e o superior poder do narcisismo destrutivo. Assim, é possível que a atuação psicopática se caracterize mais pela “perversidade” manifesta do que aquela que aparece no caso da perversão ou da atuação perversa.
Para Zimerman (1999), na prática psicanalítica são pacientes que dificilmente entram espontaneamente em análise, e quando o fazem mostram uma forte propensão para atuações e para o abandono do tratamento quando este é levado a sério pelo analista, não só pela razão de uma enorme dificuldade de ingressarem numa “posição depressiva”, como também pulsão de morte e seus derivados que obrigam a por causa de uma arraigada predominância da uma conduta hétero e autodestrutiva.


CONSIDERÇÕES FINAIS

De acordo com o que foi explorado neste trabalho acadêmico, um relatório sobre o filme “Precisamos falar sobre o Kevin” no qual o foco principal, é o personagem Kevin, que demonstra um perfil de perversão. O filme demonstra a forte personalidade do garoto, que evidencia atitudes frias em relação à família, por isso abordamos o transtorno de personalidade antissocial através da psicanálise.
A falta de afeto da mãe na infância incide em falhas na constituição psíquica e, consequentemente, na vida do sujeito adulto. No decorrer do trabalho, verificou-se a importância da relação da mãe psiquicamente saudável com seu filho no momento da construção de seu psiquismo e consequentemente de sua personalidade, uma vez que a modalidade de relação estabelecida deixará marcas por toda vida, influenciando no funcionamento total do indivíduo.


REFEÊNCIAS

ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos. Porto Alegre, Artmed, 1999.
NAVES, Emilse Terezinha. O papel da recusa nas relações entre o narcisismo e a perversão. Rev. Latinoam. psicopatol. Fundam, São Paulo, no.2, jun. 1999.



sexta-feira, 22 de abril de 2016

NARCISISMO: HISTÓRIA DO CONCEITO E SUA RELAÇÃO COM A PSICANÁLISE.



Narcisismo:
 História do conceito e sua relação com a psicanálise




Ana Alice de Paiva

Andreia da Silva Gonçalves  
Gerlane da Cruz Barbosa
Jane Kelly de Assis Lopes
Marcio Laurentino da Silva
Patricia de Souza Ribeiro
Rebeca Santos Domingos



Resumo:

Este trabalho tem por objetivo descrever/discutir a definição do conceito de narcisismo desenvolvido por Freud, levando em consideração seu percurso histórico, sua importância e como o mesmo é utilizado dentro da psicanálise. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica dentro do campo de estudo com o propósito de ter respaldo e condições de alcançar o cumprimento do nosso objetivo.
Palavras-chave: Narcisismo. Conceito. Psicanálise.


1 Introdução

“Êxtase da libido” (FREUD, 1996, p. 38). Assim, Freud (1996) define a expressão narcisismo, distinguido-a em dois tipos: o narcisismo primário, que corresponde a um estado de onipotência infantil anterior a qualquer escolha de objeto exterior, considerando a criança ser movida pelo seu próprio objeto de amor; e o narcisismo secundário, refere-se a um reflexo da libido objetal sobre o ego, convergindo a certos estados patológicos, como a melancolia, histeria e outros.
Para a psicanálise, o termo Narcisismo representa uma relação com a sexualidade e tem como principal expoente a teoria Freudiana. No entanto, na abordagem do presente trabalho contamos com os estudos de Tallaferro (1996); Fernandes (2002); Garcia-Rosa (2008); Zimerman (2007).
Para a teoria Freudiana o termo “Narcisismo” é abordado em várias etapas: narcisismo primário, narcisismo do ego e narcisismo secundário. Conceitos relacionados entre si que estabelecem proteção ao psiquismo e integração à imagem corporal, pois investe no corpo e lhe dá dimensões, proporções e a possibilidade de construção da identidade do Eu.
Temática ampla e complexa para a psicanálise, o narcisismo ultrapassa o auto-erotismo e fornece a integração de uma figura positiva e diferenciada do outro.
Diante dessas prerrogativas, temos por objetivo descrever/discutir o conceito de narcisismo desenvolvido por Freud (1996) levando em consideração outros estudiosos; o percurso histórico e suas correlações com a psicanálise.


2 História do conceito

Freud utilizou o termo pela primeira vez em uma reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena em 1909. O termo narcisismo aparece em seus escritos, ainda no mesmo ano, em uma nota de rodapé da segunda edição dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.
No artigo sobre Leonardo da Vinci e na análise do caso Schreber, Freud retorna ao conceito. De acordo com Fernandes (2002, p.11), é certo dizer que no primeiro momento o conceito de narcisismo é explicado a partir de estudos de casos de homossexualismo especificamente masculino.
Ao estudar o caso de Leonardo da Vinci, Freud teria demonstrado que a homossexualidade de Leonardo seria resultado de uma recordação de infância. Ele teria vivido com a mãe até os cinco anos, o que causou uma forte ligação. E suas condutas sexuais estavam ligadas ao objeto de amor que foi definido por sua pulsão sexual, neste caso a figura materna.
Conforme Fernandes (2002, p.12), a descoberta da castração teria feito Leonardo regredir e substituir o amor objetal pela identificação com a mãe. Assim teria “regredido ao estágio do desenvolvimento onde o ego não se distingue do objeto, ... seus objetos de amor seriam escolhidos de acordo com sua própria imagem pela via do narcisismo.” .
Até este momento a explicação do narcisismo estava ligada a escolha de objeto do homossexual. A partir do Caso ChreberFreud começa a explicar o papel do desejo homossexual na aquisição da paranoia. Para Freud tanto Chreber, quanto Leonardo teriam ainda na infância se fixado em uma figura feminina, neste caso a mãe.
Ao identificar-se com a mãe Chreber toma a si mesmo como objeto sexual, o que mais a diante o levaria a tomar como objeto outros homens que se pareciam com ele. Assim os sintomas paranóicos teriam surgido como uma negação ou defesa contra os desejos homossexuais. O mecanismo de projeção também seria importante no surgimento dos sintomas paranóicos.
Na formação do sintoma da paranoia é chamativo, sobre tudo, aquele traço que merece o título de projeção. Uma percepção interna é sufocada, e como substituto dela advém à consciência, seu conteúdo, logo que experimenta certa desfiguração, como uma percepção de fora. No delírio de perversão, a desfiguração consiste numa mudança de afeto; o que estava destinado a ser sentido dentro como amor é percebido como ódio do que está fora (MOZANI, 1989 apud FERNANDES 2002, p. 15).

Garcia-Rosa (2008), diz “que nos Três ensaios” Freud caracteriza o auto-erotismocomo um estado original da sexualidade infantil, anterior ao narcisismo”. No auto-erotismo não é necessário um objeto externo para satisfazer a pulsão sexual, pois seria encontrada no próprio corpo.
Antes do artigo de 1914, Introdução ao narcisismo, o conceito de narcisismo era entendido como perversão. Segundo Garcia-Rosa (2008):

...a partir do texto sobre o narcisismo, deixa de ser concebido como perversão e passa a ser apontado como forma necessária de constituição da subjetividade. O narcisismo é condição de formação do eu, chegando mesmo a se confundir com o próprio eu. (GARCIA-ROSA, 2008, p.42)


A introdução do conceito de narcisismo resultou em mudanças na teoria psicanalítica. Retomada de alguns conceitos e o surgimento de outro, como os de libido egóica ou narcisista e libido objetal.


3 O conceito de narcisismo

O narcisismo seria uma torção do eu, quando o eu toma o lugar do objeto sexual e se faz amar e desejar pela pulsão sexual. Ele passa a ser o próprio objeto. O eu pulsão sexual ama o eu objeto sexual, ama a si mesmo.
Para tentarmos entender melhor segue o mito narrado por Cabral, in Estória de Narciso e Eco:
Conta-se que, certa vez, Narciso passeava nos bosques. Perto dali, a ninfa ECO, que era uma tagarela incorrigível, acompanhava-o, admirando sua beleza, mas sem deixar que a notasse. Eco, em virtude de sua tagarelice, foi punida por Hera, esposa de Zeus, para que sempre repetisse os últimos sons que ouvisse (por isso, na física, chamamos de eco a reverberação do som). Por sua vez, Narciso, suspeitando de que estava sendo seguido, perguntou: “quem está aí?”. E ouviu: “Alguém aí?” Então, ele gritou novamente: “Por que foges de mim?”. E ouviu “foges de mim”. Até dizer “Juntemo-nos aqui” e ter como resposta “juntemo-nos aqui”. Toda essa repetição acabou deixando Narciso angustiado por desejar amar algo que não poderia ver.
Dessa forma, Narciso entristeceu-se e foi à beira de um lago, onde, de modo surpreendente, deparou-se com sua imagem nos reflexos da água. Como nunca antes havia se olhado (pois sua mãe foi recomendada a não permitir que isso ocorresse), enamorou-se perdidamente, acreditando ser a pessoa com quem estava “dialogando”. Por isso, tentou buscar incessantemente o seu reflexo, imergindo nas águas nesse intento, mas acabou morrendo afogado. A ninfa Eco sentiu-se culpada e transformou-se em um rochedo, vivendo a emitir os últimos sons que ouve. Do fundo da lagoa, surgiu a flor que recebeu o nome de Narciso e tem as suas características.

No mito podemos observar que o eu pulsão sexual de narciso ama o eu objeto sexual, que é representação da sua imagem nas águas da lagoa. A partir do artigo de 1914, o narcisismo passa a ser entendido como uma forma necessária para a formação da subjetividade. É a partir da segunda tópica de Freud que ocorre a distinção entre narcisismo primário e narcisismo secundário.
A princípio, o narcisismo primário parece ser uma fase entre o autoerotismo e o narcisismo secundário. De acordo com Fernandes (2002, p.27), o narcisismo primário “seria um momento normal do desenvolvimento que serviria como ponto de fixação para onde a regride libido”. Enquanto o narcisismo secundário, “designaria um retorno da libido ao ego após ter investido objetos externos.”


4 O caráter Fálico-narcísico

O conhecimento do caráter é importante para a análise do comportamento. Tallaferro (1996, p.189), afirma que “o caráter é uma modificação crônica do ego, que pode denominar-se endurecimento, no sentido de que é uma proteção contra perigos internos e externos”.
Dentre os diversos tipos de caráter classificados pela psicanálise o que nos interessa é o caráter fálico-narcísico. Este é seguro de si, pode ser em alguns momentos arrogante, elástico, forte e com frequência prepotente e imponente.
Conforme Tallaferro (1996, p. 206), a conduta de um fálico-narcísico é prepotente, deliberada e arrogantemente agressiva. Pessoas assim costumam evitar um possível ataque com um ataque antecipado, diante de qualquer arranhão a sua vaidade reagem com um mau humor, um bloqueio ou uma agressão. Apesar disso tendem a ter posições respeitáveis, e suportam mesmo que com dificuldade situações de subordinação.
Zimerman (1999,p.155), aponta alguns aspectos para prática analítica para pacientes com posição narcisista, “Todo e qualquer paciente é portador de algum aspecto da posição narcisista”, é necessário uma análise profunda. Para esses pacientes o desamparo caracteriza uma ferida narcisista. É importante como o analista vai trabalhar o problema das frustações.
Ele apresenta a classificação em dois tipos de narcisistas, o de “pele fina” que são supersensíveis e os de “pele grossa” que são arrogantes e procuram trocar de lugar com o analista. A comunicação e a linguagem pode ser um problema, pela frequência em que a linguagem não verbal pode ser empregada.
E a resistência que os pacientes podem apresentar, existe a possibilidade de abandono, de formação de impasses e uma análise de faz de conta. E analista pode se deparar com casos em que o paciente procura o analista para provar que não precisa da terapia.

5 O narcisismo primário 


Para Freud (1996, p. 97) o “eu” não é inato e que resulta de uma nova ação psíquica que se faz como um acréscimo ao auto-erotismo. Essa nova ação psíquica é o narcisismo.
Narcisismo não é igual a auto-erotismo, pois uma unidade comparável ao ego não existe desde o início, ele tem que ser desenvolvido; os instintos auto-eróticos se encontram desde o início. 
Dessa forma, Freud (1996) postula que um ser humano tem originalmente dois objetos sexuais – ele próprio e a mulher que cuida dele – o que leva a considerações de um narcisismo primário em todos, o qual, em alguns casos, pode manifestar-se de forma dominante em sua escolha objetal.
Freud (1996) diz que o grande encanto de uma criança reside em grande medida em seu narcisismo, seu auto-contentamento e inacessibilidade.  Para Freud (1996) o desenvolvimento do ego consiste em um afastamento do narcisismo primário e dá margem a uma vigorosa tentativa de recuperação desse estado. Esse afastamento é ocasionado pelo deslocamento da libido em direção a um ideal do ego imposta de fora, sendo a satisfação provocada pela realização desse ideal.
Le Poulichet (1997, p.57) diz que o que vem a perturbar o narcisismo primário é o Complexo de Castração. É através dele que se opera o reconhecimento de uma incompletude que desperta o desejo de recuperar a perfeição narcisista. O narcisismo secundário se define como o investimento libidinal da imagem do eu, sendo essa imagem constituída pelas identificações do eu com as imagens dos objetos.   

6 Narcisismo Secundário

De acordo com Fernandes (2002, p. 27) o narcisismo secundário designaria um retorno da libido ao ego após ter investido objetos externo, de forma que a conduta narcísica se daria porque os investimentos libidinais são retirados do mundo exterior e reconduzidos ao ego introversão da libido.
Neste momento, as explicações fornecidas por Freud (1996) sobre narcisismo secundário fazem referência a certos estados extremos de regressão da libido, tal como ocorre na esquizofrenia: O delírio de grandeza... nasceu às custas da libido de objeto. A libido subtraída do mundo exterior foi conduzida ao ego, e assim surgiu uma conduta que podemos chamar narcisismo.
            Dessa forma, Fernandes (2002, p. 28) ressalta que o narcisismo designa também uma estrutura permanente do indivíduo normal. Permanente porque uma “dose” de narcisismo sempre estaria presente no sujeito, devido à ligação entre narcisismo e pulsão de autoconservação. A admissão desta ligação faz menção ao ponto de vista assumido por Freud (1996) na segunda tópica quando coloca a libido e a pulsão de autoconservação do mesmo lado como pulsões de vida.

  
7 O narcisismo e a constituição da noção de “EU”

 

Num primeiro momento, o ego (eu) para Freud (1996, p. 92) era o ego (eu) da psicologia corrente. Assim, propôs a constituição do ego (eu) a partir de ser ele o objeto da pulsão. O narcisismo seria o momento organizador das pulsões parciais, permitindo a passagem do auto-erotismo para o investimento libidinal de um objeto exterior. 
Em Freud (1996) o Eu (ego) não existe desde de o início, deve se constituir através de um ato pelo qual o eu identifica-se com a imagem de seu corpo, imagem que assume como sua, e mais ainda, como sendo ele próprio (ELIA, 1995). 
Embora o bebê não tenha condições neurológicas para dominar a organização de seu esquema corporal (ainda não pode coordenar seus movimentos) pode reconhecer-se no espelho. O conhecimento, a organização do próprio corpo, vem do exterior. Leite (1992) diz que haverá uma primazia, uma antecipação do psicológico sobre o fisiológico, e é assim que se constituirá a estrutura do sujeito humano.
Elia (1995) diz que é contra o estilo freudiano a tradução de Ich por Ego, e porta as marcas do positivismo cientificista na linguagem. Iché “Eu”, e o sentido que ele assumirá em Freud será devido à subversão de seu sentido na teoria e não ao uso de uma palavra incomum.
Antes da Introdução do Narcisismo o “EU” é uma massa ideacional consciente cujo principal objetivo é conservar a vida e reunir o conjunto de forças que, no psiquismo, se opõe à sexualidade (ELIA, 1995). É a sede das pulsões de auto-conservação (pulsões de vida) e é o pólo defensivo do psiquismo, interessado em conservar a vida.
Mas desde as Neuropsicoses de Defesa, com a ênfase do conceito de defesa (ato e função do eu), Freud (1996) rompe com a concepção neurologizante e passiva do eu. Elia (1995) diz que por essa relação com a conservação da vida (com afastamento/oposição ao sexual) a noção de Eu está aprisionada ao discurso psicobiológico. 
Freud (1996) ainda não havia elaborado uma teoria do eu consistente, que o concebesse a partir de uma perspectiva rigorosamente pulsional, de forma que antes do conceito de narcisismo o Eu estava situado diante dos investimentos pulsionais (uma pulsão sexual, sem sujeito, oriunda do inconsciente), defendendo-se, recalcando, produzindo e administrando conflitos, mas não entrava enquanto instancia subjetiva, como efeito do circuito pulsional.
Com a introdução do narcisismo anuncia-se o risco da totalização da pulsão na esfera do sexual. A libido é sempre sexual, consistindo o narcisismo precisamente na sexualização do Eu, sua erotização. Mas para Freud o sexual é não-todo. O narcisismo destitui o estatuto pulsional das pulsões do Eu ou de auto-conservação. 
Freud (1996) chega ao questionamento da necessidade de diferenciar uma libido sexual de uma energia não-sexual das pulsões do Eu, se o Eu tem um investimento primário da libido. Freud ficou diante do que fazer com as antigas pulsões (não-sexuais) do Eu, de autoconservação.
Elia (1992) lembra que diluir os interesses egóicos e autoconservadores do Eu na libido narcísica equivaleria a totalizar a experiência subjetiva em torno do sexual, excluindo da teoria o que escapa a significação sexual.
Elia (1992) enuncia que a posição teórico-clínica e ética de Freud sobre a sexualidade pode ser resumida em duas proposições complementares: (1) A sexualidade para a psicanálise é absoluta; (2) A sexualidade para a psicanálise é não-toda (não diz todo o sujeito).
Com a introdução do narcisismo Freud altera seu esquema pulsional anterior, postula a existência de uma só pulsão, a pulsão sexual, a libido, que passa a ter o Eu como uma de suas localizações possíveis.
Elia (1992) lembra que agora também o Eu é um dos alvos da libido, tanto quanto os demais objetos, mas não do mesmo modo. O Eu é irredutível ao mundo dos demais objetos e assume a força suficiente para constituir uma libido de natureza distinta, a que Freud dá o nome de libido narcísica. Não há assim, uma só libido e dois pólos de investimento (o Eu e os objetos), há duas libidos: o Eu, de um lado, constituindo a libido narcísica; e os outros objetos, do outro, constituindo a libido objetal.
Em 1920, Freud (1996) introduz o “Além do princípio do prazer”. Nessa obra ele estabelece uma nova teoria pulsional, a dualidade entre pulsões sexuais (ou Eros, ou pulsões de vida) e pulsões de morte (Thanatos, pulsão de destruição). As pulsões de auto-conservação são subsumidas pelas pulsões de morte, como pulsão parcial dessas últimas na medida em que o esforço do Eu para viver não terá outro objetivo se não o de garantir que venha a morrer.
Elia (1992) diz que a pulsão de morte define é o para além da sexualidade e do princípio do prazer. Ele diz que trata-se de afirmar a exclusividade do sexual, mas ao mesmo tempo circunscrevê-lo impedindo sua plenificação.

 8 Relação do Narcisismo com a Clínica

 

O narcisismo na clínica pode ser tratado como um transtorno de personalidade. Quem sofre deste transtorno tende a se preocupar obsessivamente com a maneira com que os outros o enxergam e com os aspectos que possam influir de algum modo na percepção da sua imagem, tais como: poder, prestígio e vaidade.
O diagnóstico raramente acontece e uma dificuldade é que essa patologia acontece de forma simultânea com outros transtornos de personalidade.
Parte das pessoas que tem esse transtorno demonstram um comportamento centrado, com pouca empatia, possível megalomania, demanda por atenção, inveja e crença de ser invejado.
Em relação ás causas do transtorno, ainda é desconhecida, no entanto, listam-se fatores identificados por vários pesquisadores que pode contribuir para tal condição. Sendo: Abuso emocional severo durante a infância, diminuição excessiva por parte dos pais, a ponto da criança perder a conexão com a realidade, temperamento de nascença muito sensível e criança muito mimada.

 9 Critérios Diagnósticos para F60.8 - 301.81 Transtorno da Personalidade Narcisista

Para diagnosticarmos o Transtorno de Personalidade Narcisista temos que considerar pelo menos cinco dos seguintes critérios:
(1) sentimento grandioso da própria importância (por ex., exagera realizações e talentos, espera ser reconhecido como superior sem realizações comensuráveis)
(2) preocupação com fantasias de ilimitado sucesso, poder, inteligência, beleza ou amor ideal
(3) crença de ser "especial" e único e de que somente pode ser compreendido ou deve associar-se a outras pessoas (ou instituições) especiais ou de condição elevada
(4) exigência de admiração excessiva
(5) sentimento de intitulação, ou seja, possui expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável ou obediência automática às suas expectativas
(6) é explorador em relacionamentos interpessoais, isto é, tira vantagem de outros para atingir seus próprios objetivos
(7) ausência de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades alheias
(8) freqüentemente sente inveja de outras pessoas ou acredita ser alvo da inveja alheia
(9) comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes;


Considerações finais

Diante do exposto, concluímos que a teoria narcisista, desenvolvida por Freud, compõe campo temático fecundo para os estudos da psicanálise, uma vez que contribui para a análise e formação da identidade do eu.
Sendo que, os instintos sexuais surgem do ego e só depois é que são ligados à satisfação dos instintos do ego, e mais na frente unem-se a partir do fato de que os primeiros objetos sexuais de uma criança são as pessoas que cuidam dela.
Essa construção da identidade do eu, sob a ótica do narcisismo, é extremamente relevante para a análise e superação de estados patológicos como: melancolia e histeria.



Referências:

FREUD, S. Obras Completas. Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

FERNADES, Elisângela Barboza. Narcisismo. Monografia. São Carlos, 2002.

GARCIA-ROSA, LUIZ Alfredo. Introdução à Metapsicologia Freudiana, v.3. ­-7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

NASIO, Juan-David. O prazer em ler Freud. Tradução, Lucy Magalhães; revisão técnica, Marco Antônio Coutinho Jorge. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1999.

TALLAFERRO, Alberto. Curso básico de psicanalise. Tradução, Álvaro Cabral. 2.ed. São Paulo: Marins fontes, 1996.

CABRAL, João Francisco Pereira. "Estória de Narciso e Eco"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/mitologia/estoria-narciso-eco.htm>. Acesso em 27 de março de 2016.

Critérios Diagnósticos para F60.8 - 301.81 Transtorno da Personalidade Narcisista. Disponível em: http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=217. Acesso em 27 de março de 2016.

ZIMERMAN, David E. fundamentos psicanalíticos [recurso eletrônico] : teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 2007.