DESLOCAMENTO E FOBIA: O CASO DO PEQUENO HANS
NASCIMENTO, D. S.S.; REGIS, D. P.; RODRIGUES, E.
H. C.; SILVA, G.L.; SILVA, L. F.; GOMES, N. M. P.; SOUSA, T. T. M.
Graduandos do Curso de Psicologia da Faculdade
Maurício de Nassau. Unidade Epitácio Pessoa/PB. E-mail para contato:
danyebruna@hotmail.com
Resumo: O trabalho
que se apresenta relata um dos primeiros casos clínicos de psicanálise infantil
que enfatiza uma fobia desencadeada por uma criança, cujo caso foi estudado por
Freud e ficou conhecido como o Caso do Pequeno Hans, um menino de 5 anos com
uma fobia de cavalos, e como todos os clínicos de estudos de caso, o objetivo
principal era tratar a fobia. A ênfase
do caso tem como foco principal a neurose infantil desencadeada pelo menino a
partir da qual Freud formulação suas teorias acerca da sexualidade infantil, o
complexo de Édipo e o complexo da castração.
Palavras-Chave: Sexualidade Infantil. Psicanálise. Pequeno Hans.
INTRODUÇÃO
O Presente trabalho foi
desenvolvido com o intuito de aprofundamento dos conhecimentos científicos e
como prática da disciplina Teorias Psicanalíticas I, do 4ª Período do Curso de
Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau, Unidade Epitácio Pessoa – João
Pessoa/PB.
Publicado em 1909, é considerado o primeiro caso de psicanálise em
criança. No histórico do pequeno Hans, Freud nos mostra um caso clínico de
fobia[1], e nos proporciona uma
riqueza de detalhes referentes à teoria da sexualidade infantil, tendo como
ponto de partida o garotinho Hans que era um menino de três anos e meio que vivia
cheio de questionamentos sobre: os órgãos sexuais, sobre as diferenças
anatômicas entre o homem e a mulher, além de seus questionamentos sobre o
nascimento de bebês que o envolveu em uma série de fantasias ligadas a
masturbação e ao sentimento de castração, desencadeando uma série de fobias.
APRESENTAÇÃO DO CASO
O caso do Pequeno Hans,
como ficou conhecido mundialmente, analisado por Freud, trata-se de um relato
de fobia de um menino de 5 anos de idade feito pelo seu pai à Freud. A referida
análise foi iniciada no ano de 1908 conduzida pelo pai de Hans e supervisionada
por Freud, o qual observava minunciosamente às anotações que lhes eram
transmitidas. A partir dos relatos, Freud resolve tornar público, escreve e
publica o caso no ano de 1909, realizando uma ampla investigação e descrição
acerca da fobia desenvolvida pelo garoto, dando ênfase a Neurose Infantil, e
desenvolve suas teorias sobre Sexualidade Infantil, Complexo de Édipo[1] e Complexo de Castração. (LIMA;
FULGENCIO, 2014).
As
primeiras narrativas do caso do garoto remetem ao grande interesse e curiosidade
sexual que o mesmo demonstrava por volta dos três anos de idade; sua curiosidade
gerou questionamentos sobre sua existência, ausência e tamanho dos “pipis” de
seus pais, de animais e até mesmo de coisas inanimadas. Durante esse período, ele
foi surpreendido em atividade masturbatória e logo foi repreendido por sua mãe
com a ameaça de chamar o Dr. A. para cortar fora seu “pipi” se continuasse a
tocá-lo. (A ANÁLISE DE CRIANÇAS, 2016)
Durante
todo o processo de acompanhamento do caso do Pequeno Hans, Freud realiza uma
única consulta com a presença do pai e da criança, o que se considerou como
sendo uma verdadeira consulta terapêutica muito bem sucedida.
[1]
Complexo de
Édipo: conjunto de sentimentos contraditórios de natureza inconsciente
refletindo os sentimentos conscientemente vividos pela criança na relação
triangular com os pais (NASIO, 2007).
QUADRO
ESQUEMÁTICO DOS SINTOMAS
FASE
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SINTOMAS
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Primeira Fase: 03 anos de Idade - fixação no pênis.
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Período
no qual desenvolve o complexo de castração após ser flagrado se tocando e sua
mãe ameaçar cortar seu "pipi".
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Segunda Fase: 05 anos de idade – Fobia de cavalos e o
Complexo de Édipo
|
Freud
chegou a conclusão de que o menino estava com medo que seu pai o castrasse
porque ele desejava a sua mãe, interpretou que os cavalos na fobia eram
um símbolo do pai, e que Hans temia que o cavalo (pai) iria mordê-lo(representação
da castração) como punição pelos desejos incestuosos em relação a sua mãe.
Fim da Fobia: Foi acompanhada por duas fantasias significativas descritas
pela criança ao seu pai: na primeira,
Hans teve vários filhos imaginários. Em um diálogo com seu Pai eles discutem:
Pai: “Alô, seus filhos
ainda estão vivos? Você sabe muito bem que um menino não pode ter filhos”.
Hans: “Eu sei. Antes eu era a mamãe deles, agora eu sou o papai deles” Pai: E
quem é a mamãe das crianças? Hans: “Ora, a mamãe, e você é o vovô delas”. Na segunda, um bombeiro lhe retirara o traseiro e o
pipi e depois lhe dava outros novos e maiores! Nesse momento, Freud, pode
concluir a partir dos relatos, que o garoto havia superado o medo de
castração, pois o pequeno Hans parecia restabelecido e alegre.
Hans
se recuperou de sua fobia depois de seu pai (por sugestão de Freud) garantir-lhe
que não tinha a intenção de cortar seu pênis.
Complexo de Édipo: Freud
pensava que, durante a fase fálica (aproximadamente entre 3 e 6 anos de
idade), um rapaz desenvolve um intenso amor sexual por suas mães. Devido a
isso, ele vê seu pai como um rival, e quer se livrar dele. O pai, entretanto,
é uma figura muito maior e mais poderosa que o menino, e assim a criança
desenvolve um medo de que, vendo-o como um rival, seu pai vai castrá-lo.
|
Fonte: Dados da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Freud, ao elaborar a sua teoria sobre a sexualidade enfatizou aspectos
relacionados ao comportamento auto erótico, ou seja, toda criança se satisfaz
consigo mesma, no caso do pequeno Hans esse auto erotismo estava voltado para o
seu órgão genital. Durante esse período a criança também pode desenvolver
traços de bissexualidade, também observou esse traço no garoto, pois em um
determinado momento desenvolveu afetos por meninos e meninas, além de observar
que nessa fase a criança se dá conta das diferenças anatômicas e começa a
estabelecer diferenças entre meninos e meninas.
Freud observou ainda, que durante a infância as crianças se
apaixonam pelos pais e querem se desfazer dos seus rivais: os meninos
desenvolvem uma paixão pelas mães e as meninas disputam com suas mães o amor de
seus pais, nesse momento eles desenvolvem o que Freud denominou de Complexo de
Édipo.
Em
linhas gerais, comportamentos que fogem do que se considera normal, não
patológico, podem ser desencadeados por uma série de fatores que fazem parte do
desenvolvimento do indivíduo e que podem estar associados a diversos aspectos.
Freud nos proporciona no estudo desse caso clínico a oportunidade de
compreender melhor o psiquismo infantil para análise da patologia, tais
descobertas, consideradas ainda atuais, servem como suporte para a construção
de ambiente adequado para o desenvolvimento psicológico dessas crianças, atuando
no âmbito familiar, social, escolar, dentro outros.
REFERÊNCIAS
A ANÁLISE DE CRIANÇA
EM FREUD: O caso Hans ou abrindo o campo da psicanálise com crianças. Disponível em: < http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20759/20759_4.PDF>. Acesso em: 30
mar. 2016.
BORGOGNO, F. O caso clínico do pequeno Hans
como artigo de técnica. In Psicanálise
como percurso. Rio de Janeiro: Imago, 2004.
CASO DO Pequeno Hans. Disponível em: <http://psicologiacienciaevida.blogspot.com.br/2014/06/caso-do-pequeno-hans.html>.
Acesso em: 19 mar. 2016
FREUD, S. (1909) Análise de uma fobia em um
menino de cinco anos. In: Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud. v. 10. Rio de Janeiro: Imago
Editora, 1976.
LIMA, S., M.; FULGENCIO,L. Aspectos clínicos
e teóricos do método de tratamento psicanalítico a partir do estudo do caso
Hans. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO, 4.,
2014, Anais do IV Encontro de Iniciação
Científica. São Paulo: PUC, 2014.
NASIO, J. D. ÉDIPO: complexo pelo qual nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro:
Zahar, 2007.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica, clínica. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
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