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terça-feira, 12 de abril de 2016

DESLOCAMENTO E FOBIA: O CASO DO PEQUENO HANS




DESLOCAMENTO E FOBIA: O CASO DO PEQUENO HANS



NASCIMENTO, D. S.S.; REGIS, D. P.; RODRIGUES, E. H. C.; SILVA, G.L.; SILVA, L. F.; GOMES, N. M. P.; SOUSA, T. T. M.
Graduandos do Curso de Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau. Unidade Epitácio Pessoa/PB. E-mail para contato: danyebruna@hotmail.com



Resumo: O trabalho que se apresenta relata um dos primeiros casos clínicos de psicanálise infantil que enfatiza uma fobia desencadeada por uma criança, cujo caso foi estudado por Freud e ficou conhecido como o Caso do Pequeno Hans, um menino de 5 anos com uma fobia de cavalos, e como todos os clínicos de estudos de caso, o objetivo principal era tratar a fobia. A ênfase do caso tem como foco principal a neurose infantil desencadeada pelo menino a partir da qual Freud formulação suas teorias acerca da sexualidade infantil, o complexo de Édipo e o complexo da castração.

Palavras-Chave: Sexualidade Infantil. Psicanálise. Pequeno Hans.



INTRODUÇÃO

O Presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de aprofundamento dos conhecimentos científicos e como prática da disciplina Teorias Psicanalíticas I, do 4ª Período do Curso de Psicologia da Faculdade Maurício de Nassau, Unidade Epitácio Pessoa – João Pessoa/PB.
Publicado em 1909, é considerado o primeiro caso de psicanálise em criança. No histórico do pequeno Hans, Freud nos mostra um caso clínico de fobia[1], e nos proporciona uma riqueza de detalhes referentes à teoria da sexualidade infantil, tendo como ponto de partida o garotinho Hans que era um menino de três anos e meio que vivia cheio de questionamentos sobre: os órgãos sexuais, sobre as diferenças anatômicas entre o homem e a mulher, além de seus questionamentos sobre o nascimento de bebês que o envolveu em uma série de fantasias ligadas a masturbação e ao sentimento de castração, desencadeando uma série de fobias.



APRESENTAÇÃO DO CASO

O caso do Pequeno Hans, como ficou conhecido mundialmente, analisado por Freud, trata-se de um relato de fobia de um menino de 5 anos de idade feito pelo seu pai à Freud. A referida análise foi iniciada no ano de 1908 conduzida pelo pai de Hans e supervisionada por Freud, o qual observava minunciosamente às anotações que lhes eram transmitidas. A partir dos relatos, Freud resolve tornar público, escreve e publica o caso no ano de 1909, realizando uma ampla investigação e descrição acerca da fobia desenvolvida pelo garoto, dando ênfase a Neurose Infantil, e desenvolve suas teorias sobre Sexualidade Infantil, Complexo de Édipo[1] e Complexo de Castração. (LIMA; FULGENCIO, 2014).
As primeiras narrativas do caso do garoto remetem ao grande interesse e curiosidade sexual que o mesmo demonstrava por volta dos três anos de idade; sua curiosidade gerou questionamentos sobre sua existência, ausência e tamanho dos “pipis” de seus pais, de animais e até mesmo de coisas inanimadas. Durante esse período, ele foi surpreendido em atividade masturbatória e logo foi repreendido por sua mãe com a ameaça de chamar o Dr. A. para cortar fora seu “pipi” se continuasse a tocá-lo. (A ANÁLISE DE CRIANÇAS, 2016)
Durante todo o processo de acompanhamento do caso do Pequeno Hans, Freud realiza uma única consulta com a presença do pai e da criança, o que se considerou como sendo uma verdadeira consulta terapêutica muito bem sucedida.




[1] Complexo de Édipo: conjunto de sentimentos contraditórios de natureza inconsciente refletindo os sentimentos conscientemente vividos pela criança na relação triangular com os pais (NASIO, 2007).




QUADRO ESQUEMÁTICO DOS SINTOMAS
FASE
SINTOMAS

Primeira Fase: 03 anos de Idade - fixação no pênis.

Período no qual desenvolve o complexo de castração após ser flagrado se tocando e sua mãe ameaçar cortar seu "pipi".






Segunda Fase: 05 anos de idade – Fobia de cavalos e o Complexo de Édipo
Freud chegou a conclusão de que o menino estava com medo que seu pai o castrasse porque ele desejava a sua mãe, interpretou que os cavalos na fobia eram um símbolo do pai, e que Hans temia que o cavalo (pai) iria mordê-lo(representação da castração) como punição pelos desejos incestuosos em relação a sua mãe. 
Fim da Fobia: Foi acompanhada por duas fantasias significativas descritas pela criança ao seu pai: na primeira, Hans teve vários filhos imaginários. Em um diálogo com seu Pai eles discutem: Pai: “Alô, seus filhos ainda estão vivos? Você sabe muito bem que um menino não pode ter filhos”. Hans: “Eu sei. Antes eu era a mamãe deles, agora eu sou o papai deles” Pai: E quem é a mamãe das crianças? Hans: “Ora, a mamãe, e você é o vovô delas”. Na segunda, um bombeiro lhe retirara o traseiro e o pipi e depois lhe dava outros novos e maiores! Nesse momento, Freud, pode concluir a partir dos relatos, que o garoto havia superado o medo de castração, pois o pequeno Hans parecia restabelecido e alegre.
Hans se recuperou de sua fobia depois de seu pai (por sugestão de Freud) garantir-lhe que não tinha a intenção de cortar seu pênis. 
Complexo de Édipo: Freud pensava que, durante a fase fálica (aproximadamente entre 3 e 6 anos de idade), um rapaz desenvolve um intenso amor sexual por suas mães. Devido a isso, ele vê seu pai como um rival, e quer se livrar dele. O pai, entretanto, é uma figura muito maior e mais poderosa que o menino, e assim a criança desenvolve um medo de que, vendo-o como um rival, seu pai vai castrá-lo. 
Fonte: Dados da pesquisa.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Mediante o que foi observado, podemos concluir que o objetivo central do caso clínico do Pequeno Hans gira em torno da sexualidade infantil e do Complexo de Édipo como fator primordial para a organização psíquica do desenvolvimento patológica ou saudável do ser humano, nesse sentido, Freud desejou poder demonstrar como a neurose é desencadeada, no que se refere às dinâmicas edípicas que fazem parte do desenvolvimento da criança.
Freud, ao elaborar a sua teoria sobre a sexualidade enfatizou aspectos relacionados ao comportamento auto erótico, ou seja, toda criança se satisfaz consigo mesma, no caso do pequeno Hans esse auto erotismo estava voltado para o seu órgão genital. Durante esse período a criança também pode desenvolver traços de bissexualidade, também observou esse traço no garoto, pois em um determinado momento desenvolveu afetos por meninos e meninas, além de observar que nessa fase a criança se dá conta das diferenças anatômicas e começa a estabelecer diferenças entre meninos e meninas.
Freud observou ainda, que durante a infância as crianças se apaixonam pelos pais e querem se desfazer dos seus rivais: os meninos desenvolvem uma paixão pelas mães e as meninas disputam com suas mães o amor de seus pais, nesse momento eles desenvolvem o que Freud denominou de Complexo de Édipo.
Em linhas gerais, comportamentos que fogem do que se considera normal, não patológico, podem ser desencadeados por uma série de fatores que fazem parte do desenvolvimento do indivíduo e que podem estar associados a diversos aspectos. Freud nos proporciona no estudo desse caso clínico a oportunidade de compreender melhor o psiquismo infantil para análise da patologia, tais descobertas, consideradas ainda atuais, servem como suporte para a construção de ambiente adequado para o desenvolvimento psicológico dessas crianças, atuando no âmbito familiar, social, escolar, dentro outros.



REFERÊNCIAS

A ANÁLISE DE CRIANÇA EM FREUD: O caso Hans ou abrindo o campo da psicanálise com crianças. Disponível em: < http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20759/20759_4.PDF>. Acesso em: 30 mar. 2016.

BORGOGNO, F. O caso clínico do pequeno Hans como artigo de técnica. In Psicanálise como percurso. Rio de Janeiro: Imago, 2004.

CASO DO Pequeno Hans. Disponível em: <http://psicologiacienciaevida.blogspot.com.br/2014/06/caso-do-pequeno-hans.html>. Acesso em: 19 mar. 2016

FREUD, S. (1909) Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. v. 10. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976.

LIMA, S., M.; FULGENCIO,L. Aspectos clínicos e teóricos do método de tratamento psicanalítico a partir do estudo do caso Hans. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO, 4., 2014, Anais do IV Encontro de Iniciação Científica. São Paulo: PUC, 2014.


NASIO, J. D. ÉDIPO: complexo pelo qual nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica, clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007. 

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